
O tiro esportivo é uma modalidade que traduz o domínio absoluto do detalhe. Em um ambiente de silêncio e concentração, cada respiração controlada, cada movimento mínimo, pode ser decisivo. Nas Olimpíadas, onde apenas os melhores do mundo se encontram, atingir a perfeição é mais do que um objetivo — é uma obsessão. E são os recordes olímpicos que eternizam esse momento exato em que técnica e mente se alinham de forma quase sobre-humana.
Presente desde 1896, o tiro esportivo evoluiu junto com os Jogos. As mudanças nas regras e nos formatos, promovidas pela ISSF a partir de 2012, redesenharam o modo como os recordes são estabelecidos. Agora, são distinguidos os resultados da fase classificatória (QOR) e da fase final (OR), e foram introduzidas provas mistas, com maior equilíbrio de gênero e diversidade entre os atletas.
O rigor da carabina
Com foco total na precisão, as provas de carabina representam o ápice do controle postural e respiratório. Na modalidade de ar 10 metros, o jovem chinês Sheng Lihao brilhou em Paris 2024 ao atingir 252,2 pontos na final masculina — um novo patamar. No feminino, a sul-coreana Ban Hyojin alcançou 634,5 pontos na fase de qualificação, uma marca impressionante para a modalidade.
Na carabina 50 metros três posições, que exige disparos ajoelhado, deitado e em pé, o destaque foi para Chiara Leone, da Suíça, com 464,4 pontos na final feminina. Zhang Changhong, da China, segue como o recordista masculino desde Tóquio 2020, com 466,0 pontos. Esses números refletem a mais alta excelência técnica em uma modalidade onde cada décimo conta.
Pistola: domínio do tempo e da tensão
As provas de pistola desafiam a estabilidade emocional do atleta. A marca do russo Mikhail Nestruev, com 591 pontos na qualificação da pistola de ar 10m em 2004, ainda permanece como referência, mesmo diante de tantas atualizações. Já Javad Foroughi, do Irã, estabeleceu 244,8 pontos na final de Tóquio 2020, dando ao seu país um lugar inédito no pódio.
No feminino, Oh Ye Jin alcançou um novo recorde em Paris 2024, com 243,2 pontos na final. A atleta sul-coreana confirmou a força crescente das competidoras asiáticas na modalidade. A russa Vitalina Batsarashkina, por sua vez, continua sendo presença recorrente entre as recordistas das provas rápidas de 25 metros. O tiro com pistola exige mais do que pontaria: exige frieza sob o tempo que corre contra.
Espingarda: o acerto no movimento
Diferentemente das demais, as provas de espingarda adicionam movimento ao desafio. No trap e no skeet, os alvos surgem de forma imprevisível, exigindo reflexos quase instantâneos. Em Paris 2024, Nathan Hales, do Reino Unido, e Adriana Olivia, da Guatemala, estabeleceram novos recordes nas finais do trap. No skeet, Vincent Hancock marcou a história com 59 acertos em Tóquio 2020, uma performance quase perfeita.
Amber English, também em Tóquio, garantiu o ouro ao errar apenas quatro alvos. E a prova mista do skeet viu a dupla italiana Bacosi e Rossetti conquistar a melhor marca de qualificação, com 149 pontos. A precisão, nesse caso, depende de um instinto treinado ao limite — pensar é perder o tempo do disparo.
Lendas e legados
Os números impressionam, mas os nomes por trás deles também fazem história. O sueco Oscar Swahn segue como o atleta mais velho a conquistar medalha olímpica, com 72 anos, em 1920. Já a norte-americana Kim Rhode tornou-se sinônimo de longevidade no esporte ao conquistar medalhas em seis Olimpíadas consecutivas entre 1996 e 2016, sempre nas provas de espingarda.
A loja Alvo Certo, de Arcos (MG), conclui que cada recorde no tiro olímpico carrega uma história de resiliência, foco e obstinação. Mais do que dados, são testemunhos do que o ser humano pode alcançar quando desafia seus próprios limites com disciplina inabalável.
Para saber mais sobre recordes olímpicos do tiro esportivo, acesse:
https://www.olympics.com/en/news/olympic-records-shooting-pistol-rifle-shotgun
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