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Precisão, inclusão e superação: o tiro esportivo paralímpico em destaque

09 MAI 2025

O tiro esportivo nas Paralimpíadas é um dos mais notáveis exemplos de como o esporte transcende barreiras físicas e sociais. Não se trata apenas de técnica refinada ou disciplina rígida — embora ambas estejam presentes em alto nível.

O que realmente diferencia essa modalidade é a maneira como ela se estrutura para acolher e projetar atletas com deficiência em disputas de altíssimo rendimento técnico, promovendo valores como igualdade, autonomia e superação.

Raízes históricas e evolução do esporte

Estreando nos Jogos Paralímpicos de Toronto, em 1976, o tiro adaptado começou com provas exclusivamente masculinas.

Quatro anos depois, em Arnhem, as mulheres passaram a competir, inclusive em eventos mistos.

Esse modelo se manteve, com algumas variações, até a estrutura adotada nos Jogos de Paris 2024: competições masculinas, femininas e mistas em convivência.

A evolução do programa paralímpico do tiro reflete o esforço constante por equidade e inclusão, consolidando a modalidade como um espaço plural e de oportunidades.

A trajetória brasileira

O Brasil marcou presença pela primeira vez em 1976, mas só voltou a competir em 2008, com Carlos Garletti. Desde então, o crescimento foi gradual, impulsionado principalmente pelo trabalho do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que desde 2002 investe na estruturação da modalidade no país.

A partir desses incentivos surgiram nomes como Débora Campos, Geraldo Rosenthal, Bruno Stov Kiefer e o destaque maior: Alexandre Galgani.

Galgani se tornou o rosto do tiro paralímpico brasileiro ao conquistar a primeira medalha do país na modalidade: a prata em Paris 2024, na prova de carabina de ar 10 metros (classe SH2).

Natural de São Paulo, Galgani sofreu uma lesão medular aos 18 anos e, mesmo com mobilidade comprometida nos membros superiores, desenvolveu habilidade suficiente para competir em alto nível.

Seu feito é resultado de anos de dedicação e treinos diários, inclusive em casa, com estrutura improvisada. Em 2023, ele já havia conquistado medalhas expressivas no Parapan de Santiago e no Mundial de Lima, indicando sua consistência.

Estrutura das competições e classificações

As provas seguem, com adaptações, os padrões da Federação Internacional de Tiro Esportivo (ISSF), sendo coordenadas pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC).

As armas utilizadas são carabinas e pistolas de ar comprimido (4,5 mm) nas provas de 10 metros, e armas de calibre .22 (5,6 mm) nos eventos de 25 e 50 metros. As posições variam entre sentado, em pé ou deitado, dependendo das condições físicas do atleta.

Dois grupos classificatórios organizam os competidores: SH1, para quem consegue segurar a arma sem ajuda; e SH2, para quem depende de suporte, como é o caso de Galgani. O uso de mesas, cadeiras ergonômicas e apoios é cuidadosamente regulado para manter a equidade entre os participantes.

Por dentro das provas

As provas exigem não apenas precisão, mas também controle emocional absoluto. Os disparos são avaliados em alvos com 10 zonas de pontuação e podem ultrapassar 100 tiros por competição. O tempo de prova pode chegar a duas horas e meia, o que exige concentração contínua.

Nesse cenário, a preparação mental é tão decisiva quanto o treinamento físico ou técnico, pois qualquer oscilação emocional compromete a pontuação.

Um futuro promissor para o Brasil

A loja Alvo Certo, de Arcos (MG), destaca que a conquista da prata por Alexandre Galgani representa um divisor de águas.

O feito coloca o Brasil em evidência no cenário internacional e reforça o papel do CPB como indutor de talentos e transformações. A medalha vai além do pódio: é símbolo de resistência, capacidade de adaptação e renovação de esperança.

O futuro aponta para a formação de novos atletas, fortalecimento das estruturas de base e uma presença cada vez mais relevante do Brasil nas próximas edições paralímpicas.

O tiro esportivo adaptado, mais do que uma modalidade, é uma plataforma de reconstrução de vidas, de afirmação de identidades e de inspiração para todos os que acreditam no poder do esporte.

Para saber mais sobre tiro esportivo nas Paralimpíadas, acesse: 

https://cpb.org.br/modalidades/tiro-esportivo/

https://ge.globo.com/paralimpiadas/noticia/2024/09/01/alexandre-galgani-conquista-prata-primeira-medalha-do-brasil-no-tiro-esportivo-em-paralimpiadas.ghtml


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