
Entre as diversas modalidades que compõem o universo do tiro esportivo, o Tiro ao Prato se destaca por combinar habilidade técnica, precisão e rapidez de reflexos em um ambiente ao ar livre.
Com raízes que remontam às práticas de caça, esta modalidade evoluiu ao longo do tempo até se firmar como uma das mais populares e tradicionais disciplinas do tiro esportivo — tanto no Brasil quanto no cenário olímpico.
Um esporte de velocidade e controle
O tiro ao prato consiste basicamente em disparar contra discos de argila de aproximadamente 10 a 11 cm de diâmetro, que são lançados no ar em alta velocidade por dispositivos automáticos.
O desafio está em atingir esses alvos em movimento antes que eles toquem o solo, o que exige do atirador reflexos apurados, mira precisa e domínio total da arma.
Os alvos, popularmente chamados de “pratos”, são fabricados a partir de uma mistura de argila, calcário e alcatrão. Lançados a velocidades superiores a 100 km/h, eles imitam a trajetória de aves em voo, remetendo às origens cinegéticas da prática.
Apesar da aparência simples, a dinâmica da modalidade revela um esporte exigente, técnico e profundamente instintivo.
Modalidades olímpicas: Fossa e Skeet
O tiro ao prato é subdividido em duas principais categorias nas competições olímpicas: Fossa Olímpica (ou Trap) e Skeet. Ambas são disputadas com espingardas de calibre máximo 12 e compartilham o mesmo princípio de acertar os pratos em voo, mas divergem na disposição dos alvos, na trajetória de voo e nas regras de disparo.
Fossa Olímpica
Na fossa olímpica, os pratos são lançados à frente do atirador, a partir de um ponto central em uma trajetória cujo ângulo é desconhecido, tornando a prova mais imprevisível.
O atleta se posiciona em uma das cinco posições dispostas na linha de tiro, com direito a dois disparos por prato. No masculino, a competição é composta por cinco séries de 25 pratos, enquanto no feminino são três séries com o mesmo número de alvos.
A versão mista por equipes, introduzida nos Jogos de Tóquio 2020, envolve duplas compostas por um homem e uma mulher, cada um realizando três séries de 25 pratos. A pontuação é somada, e a dupla com o maior número de acertos vence a disputa.
Skeet
O skeet, por sua vez, apresenta um formato mais dinâmico e previsível quanto às trajetórias. O atleta se desloca por oito estações de tiro posicionadas ao redor de um semicírculo.
Os pratos são lançados de duas torres — uma à esquerda (alta) e outra à direita (baixa) — em trajetórias cruzadas e previamente conhecidas. No entanto, o desafio se mantém elevado pela variedade de combinações: pratos podem vir individualmente ou em pares, exigindo atenção e coordenação.
Cada atirador tem um disparo por prato. Assim como na fossa, o número de séries também varia: cinco séries para homens e três para mulheres. A versão mista por equipes no skeet foi uma das novidades nos Jogos de Paris 2024, substituindo o antigo modelo de equipe mista da fossa.
Estrutura e regras dos campos
As competições de tiro ao prato são realizadas em espaços abertos e especialmente projetados. Existem dois tipos principais de campos:
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Campo normal (Trap/Fossa): requer uma área de tiro com pelo menos 15 metros de comprimento por 20 metros de largura. São necessárias várias cabinas de tiro, de onde os pratos são lançados.
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Campo de Skeet: possui um layout semicircular, com 8 estações de tiro posicionadas ao redor. A área de tiro tem 15 metros de comprimento e 36,82 metros de largura. As torres de onde os pratos são lançados estão fixadas nas extremidades laterais.
As normas internacionais dessas estruturas são estabelecidas e constantemente atualizadas pela International Shooting Sport Federation (ISSF), que regula a modalidade em âmbito mundial. A ISSF tem sede na Alemanha e é responsável por definir os critérios técnicos e organizacionais das competições.
Equipamentos e requisitos
Para praticar o Tiro ao Prato, o principal equipamento é a espingarda de calibre 12, geralmente de dois canos (superpostos ou lado a lado), devido à possibilidade de disparos sucessivos e maior precisão. O peso, o equilíbrio e o tipo de coronha são elementos ajustáveis conforme a preferência e o estilo de cada atirador.
No Brasil, para praticar legalmente o tiro esportivo, é necessário obter o Certificado de Registro (CR), expedido pelo Exército Brasileiro. Com o CR, o cidadão pode se registrar como atirador desportivo e, a partir disso, solicitar a compra de sua arma, registrá-la e obter a Guia de Trânsito (GT), que permite o deslocamento da arma até o clube de tiro.
Um esporte para todos
O tiro ao prato é uma modalidade acessível a homens e mulheres de diversas idades, sendo bastante praticado por entusiastas de atividades ao ar livre que buscam aliar precisão e adrenalina.
Além do desafio técnico, a loja Alvo Certo, de Arcos (MG), destaca que o esporte oferece benefícios como aumento da concentração, desenvolvimento da coordenação motora e controle emocional.
Por ser um esporte que exige foco e controle mental, o tiro ao prato é frequentemente apontado como uma prática que desenvolve o autoconhecimento e promove uma relação mais consciente com o próprio corpo e com a tomada de decisões rápidas.
Tiro ao Prato nas Olimpíadas
Presente nos Jogos Olímpicos desde 1896 (com exceção das edições de 1904 e 1928), o tiro esportivo sempre teve forte representatividade.
O número de eventos cresceu ao longo dos anos, e hoje as provas com espingarda ocupam lugar de destaque, com disputas masculinas, femininas e por equipes mistas.
A evolução das competições acompanha as transformações sociais, promovendo a igualdade de gênero e a inovação nas regras.
Para saber mais sobre Tiro ao Prato, acesse:
https://www.olympics.com/pt/noticias/novidade-paris-2024-evento-equipes-mistas-skeet-tiro-esportivo
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